As quatro métricas de ouro de DevOps
Você provavelmente já ouviu à exaustão que “não se gerencia o que não se mede”. O problema é que, na maior parte das vezes, o que mais vejo em clientes são métricas sendo coletadas apenas para montarem “dashboards bonitos”.
Que tal, ao invés disso, falarmos de métricas verdadeiramente úteis?
Medir o trabalho das equipes de desenvolvimento é fundamental, mas é importante evitar a armadilha de medir informações inúteis e coletar “métricas de vaidade”. “Medir produtividade” é sempre um tópico bastante delicado em qualquer equipe, e por isso deve ser feito com cuidado e consciência. Se mal gerido, pode afetar negativamente o moral da equipe.
A questão é: Como equilibrar a necessidade de medir o desempenho sem arruinar a motivação? Como podemos garantir que estamos coletando informações úteis que irão nos ajudar a melhorar, e não apenas encher nossos painéis com dados coloridos e inúteis? A resposta está nas “Four Key Metrics”, conforme descritas no livro Accelerate e divulgadas pela equipe do DevOps Research and Assessment (DORA).
As quatro métricas-chave
A ideia por trás das “Four Key Metrics” é simples: concentre-se em medidas que proporcionem uma visão real do desempenho e da produtividade. Essas métricas são:
- Tempo de ciclo de implantação (Deployment Lead Time): O tempo necessário para ir de “código concluído” a “código em produção”.
- Frequência de implantação (Deployment Frequency): Quantas vezes uma implantação ocorre em um período de tempo específico.
- Tempo de recuperação (Time to Restore Service): Quanto tempo leva para recuperar o serviço após uma falha.
- Taxa de mudanças com falha (Change Fail Rate): Qual a porcentagem de implantações que resultam em uma falha ou degradação do serviço.
Estas métricas permitem que as equipes avaliem seu desempenho de maneira realista e prática. Permitem-lhes identificar áreas de melhoria e acompanhar o progresso ao longo do tempo. E, talvez o mais importante, não são “métricas de vaidade”. São medidas tangíveis que oferecem insights significativos para a equipe e a organização.
Com prazer, vamos expandir sobre as observações feitas pela equipe DORA em relação à maturidade das equipes e o impacto disso nas “Four Key Metrics”.
Em seu estudo, a equipe DORA observou que as equipes com diferentes níveis de maturidade exibiam resultados notavelmente diferentes nessas métricas-chave. Ou seja, as equipes de alto desempenho se saíram significativamente melhor nessas métricas em comparação com as equipes de baixo desempenho.
Especificamente, as equipes de alto desempenho:
- Têm um tempo de ciclo de implantação mais curto, sendo capazes de levar o código da conclusão para produção em horas - ou até mesmo em minutos.
- Implantam com mais frequência, muitas vezes realizando várias implantações por dia.
- Recuperam-se mais rapidamente de incidentes, voltando ao funcionamento normal em menos de uma hora após uma falha.
- Têm uma taxa menor de mudanças com falha, com uma menor proporção de implantações resultando em falhas ou degradação do serviço.
Contrastando, as equipes de baixo desempenho:
- Têm um tempo de ciclo de implantação mais longo, geralmente levando semanas ou meses para levar o código da conclusão à produção.
- Implantam menos frequentemente, muitas vezes apenas uma vez por mês - ou até menos.
- Levam mais tempo para se recuperar de incidentes, com tempos de recuperação medidos em horas ou dias.
- Têm uma taxa maior de mudanças com falha, com uma proporção significativamente maior de implantações resultando em falhas ou degradação do serviço.
Eles concluíram, assim, que essas “Four Key Metrics” não apenas permitem às equipes de DevOps avaliar e melhorar seu próprio desempenho, mas também fornecem uma maneira de separar as equipes de alto desempenho das de baixo desempenho.
Isso reforça a importância dessas métricas como uma ferramenta para a melhoria e evolução da equipe. É claro que todas as equipes são diferentes e a maturidade do DevOps não se limita a essas métricas. Mas elas oferecem um excelente ponto de partida para qualquer equipe que esteja começando sua jornada de DevOps ou buscando aprimorar seus processos existentes.
Conclusão
Se você está apenas começando a coletar métricas de eficiência ligadas ao DevOps, concentre-se nessas quatro. Não só elas vão oferecer um bom panorama do desempenho da sua equipe, como também vão fornecer uma estrutura sólida para futuras métricas a serem incorporadas.
Lembre-se, o objetivo da medição não é preencher painéis com números e gráficos bonitos. O objetivo é obter insights que possam orientar a melhoria e a evolução da equipe. Portanto, ao escolher suas métricas, sempre pergunte a si mesmo: “Esta métrica está me dando informações úteis que podem me ajudar a melhorar?” Se a resposta for “não”, pode ser hora de reavaliar sua abordagem.
E aí, o que achou? Já conhecia as “Four Key Metrics”? Como você mede o desempenho da sua equipe? Deixe um comentário abaixo e compartilhe sua experiência!
Um abraço,
Igor
07/08/2023 | Por Igor Abade V. Leite | Em Negócios, Técnico | Tempo de leitura: 4 mins.