Se você precisa pedir para a Infra criar um recurso na nuvem, será que ainda dá para chamar de "nuvem"?
Poucas coisas são tão comuns nas empresas que usam nuvem (qualquer nuvem - pública, híbrida ou privada) quanto a seguinte cena: Dev precisa de recurso na nuvem. Para isso, ele abre uma requisição de serviço (ou a famosa “GMUD”) para solicitar a criação do recurso. Exatamente como fazemos há décadas para solicitar a criação de um servidor.
Daí minha pergunta: nuvem sem “self-service” ainda é nuvem?
Essa é uma questão interessante que gera debates no mundo da computação em nuvem. A natureza fundamental da computação em nuvem está diretamente ligada à ideia de self-service, onde os usuários têm a capacidade de provisionar recursos de forma rápida e autônoma, sem depender de intermediários.
Quando falamos em nuvem, normalmente pensamos em serviços altamente escaláveis, flexíveis e automatizados. A capacidade de provisionar recursos instantaneamente, como servidores virtuais, armazenamento e bancos de dados, é uma das principais vantagens da computação em nuvem. Essa capacidade de autosserviço permite que os desenvolvedores e as equipes de operações obtenham recursos sob demanda, sem a necessidade de esperar pela intervenção manual dos administradores de infraestrutura.
Com o uso de tecnologias de Infraestrutura como Código (IaC) e técnicas de DevOps e GitOps, milhares de recursos podem ser provisionados e configurados simultaneamente, de forma totalmente automatizada.
No entanto, a realidade é que, em muitas organizações, ainda existem processos tradicionais de solicitação de recursos na nuvem. Isso significa que os usuários precisam abrir solicitações de serviço ou tickets para a equipe de infraestrutura realizar a criação e a configuração dos recursos desejados. Essa abordagem mais burocrática e com intervenção humana - muitas vezes necessária para fins de governança de recursos, segurança e/ou controle de custos - pode gerar atrasos e limitar a agilidade que é esperada da nuvem.
Alguns argumentam que, nessas circunstâncias, não é adequado chamar esse ambiente de “nuvem” no sentido mais amplo do termo. Afinal, o conceito de nuvem pressupõe a automação e a capacidade de autosserviço. Se os usuários ainda precisam passar por um processo manual para obter recursos na nuvem, pode-se argumentar que essa abordagem se assemelha mais a um ambiente tradicional de TI.
No entanto, é importante lembrar que a computação em nuvem é um modelo que permite diferentes níveis de automação e autosserviço. Existem organizações em que as restrições de segurança, conformidade ou governança exigem que os processos sejam mais controlados e supervisionados. Nesses casos, pode ser justificável ter uma camada de aprovação ou intervenção humana para a criação de recursos na nuvem.
Conclusão
Portanto, é uma questão de perspectiva e contexto. A nuvem sem autosserviço completo ainda pode trazer benefícios, como a escalabilidade e a elasticidade dos recursos, a redução de custos operacionais e a flexibilidade. No entanto, é importante reconhecer que, quanto mais próximo do modelo de self-service, mais se aproveita das vantagens intrínsecas da computação em nuvem.
Na sua empresa, como é o processo de provisionamento de recursos na nuvem? As equipes têm autonomia para provisionar seus próprios recursos de nuvem ou ainda precisam passar por processos manuais e burocráticos? Deixe seu comentário e vamos falar mais sobre isso!
Um abraço,
Igor
07/04/2021 | Por Igor Abade V. Leite | Em Negócios | Tempo de leitura: 3 mins.